ENTREVISTA: “Fazer gol contra o Palmeiras é melhor que namorar”, diz Mirandinha

Atacante de 14 gols em 10 derbys pelo Timão nos anos 1990 relembra poder de decisão contra o rival e dá a receita para vitória em clássicos

03/08/2019 09h00 Agência Corinthians

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Mirandinha (centro) ajudando a levantar a taça do Campeonato Paulista de 1997. Foto: Arquivo/Corinthians 

O Corinthians terá mais um clássico diante do rival Palmeiras neste fim de semana, desta vez pelo Campeonato Brasileiro. E o derby pode desempatar o confronto entre os dois clubes, ambos com 126 vitórias na história. E um ídolo de grande história no embate deu a receita para obter o triunfo no jogo diante do rival: Mirandinha, atacante que atuou pelo clube nos anos 1990.

Nascido na cidade de Palmares-PE como Isailton Ferreira da Silva, ele foi revelado no futebol pernambucano e chegou ao Alvinegro em 1996. Pelo clube, viveu grande momento: foi campeão Paulista e Brasileiro duas vezes, integrando o elenco até o final da temporada 1999, tendo marcado 47 gols em 165 partidas. Ficou, no entanto, verdadeiramente marcado pelas atuações nos clássicos, principalmente contra o rival, onde marcou 14 gols em 10 partidas.

Às vésperas do segundo derby da temporada, Mirandinha relembrou a sua passagem pelo Alvinegro, com direito a gols e provocações aos rivais, revelou que acompanha o time atual – inclusive é fã do zagueiro Gil – e diz ter saudades do contato com a torcida.

Confira a entrevista:

- Qual o sentimento de ter sido ídolo no Corinthians?

Minha passagem pelo Corinthians foi a coisa mais marcante que aconteceu na minha vida. Antes de ser jogador do time eu já era corinthiano. O Corinthians é alma, é a segunda pele. Eu amo o Corinthians.

- Você fez 14 gols em 10 jogos pelo Corinthians contra o Palmeiras. Sentia algo especial ao marcar contra o rival?

R: A sensação de fazer gol em um clássico, e principalmente contra o rival, é maravilhosa. É melhor que namorar! E se eu tivesse a oportunidade faria tudo de novo, cada gol, cada comemoração. Foi maravilhoso!

- Estamos na semana de mais um derby contra o Palmeiras. Qual você considera o seu grande momento em clássicos contra o rival?

R: Tive vários grandes momentos, mas um teve destaque. Certa vez, em uma semana de clássico, eu tive um problema com o (técnico) Evaristo de Macedo, e ele me colocou no banco. Aí estávamos jogando no Morumbi, eu estava no banco, e o Palmeiras saiu vencendo. Aí o Romeu, o volante, machucou no primeiro tempo ainda, e o Evaristo me colocou. Quando entrei, a torcida deles estava me provocando preconceituosamente. Aí eu fiz o gol em uma jogada de velocidade e empatei, e depois em uma falta o Souza cruzou e eu fiz um gol de cabeça, e tirei onda com a torcida deles (o jogo, ocorrido em 1997, terminaria 2 a 2). Teve outra vez em um jogo em Presidente Prudente, um calor infernal, e eu peguei a bola no meio-campo, driblei todo mundo, driblei até o presidente do Palmeiras, e fiz o gol. Tenho vários momentos, mas esses dois me marcaram muito.

- O que você lembra do clima antes dos derbies? Tem alguma história de bastidores?

R: Lembro da diversão que era no hotel, com Vanderlei Luxemburgo, que Edílson e Marcelinho Carioca passavam pelo meu apartamento perguntando quantos gols eu faria no clássico.

Teve também uma grande história sobre o Velloso, que eu falei que o cabelo dele estava caindo de tanto ele levar gol meu. Ele não gostou, deu um início de confusão, mas ficou de boa. Eu não me arrependo de nada não, era maravilhoso quando o futebol era raiz".

- O que espera do clássico deste domingo? Qual a receita para ganhar o dérbi?

R: O segredo pra vencer o clássico é manter o foco, a seriedade, e curtir o jogo. Não ir nervoso, não ir com o coração à flor da pele. Porque é um jogo importante, que o mundo todo está vendo, é um jogo bom de ser jogado. O segredo é ver a tradição do jogo, e a tradição é a gente ganhando deles toda hora. Todos sabem que o Palmeiras tem um elenco forte, caro. Mas quando chega o jogo contra o Timão, eles pipocam.

- Como você vê o elenco atual? E o momento do time na temporada?

R: Eles são guerreiros. Quando o Corinthians entra em campo, se iguala ou é melhor que qualquer outro time pela raça, pela determinação e pela tradição que tem. Estou acompanhando, estou gostando, o time está em um momento de evolução. Gostei do jogo contra o Fortaleza (pelo Campeonato Brasileiro, vitória por 3 a 1), eles terminaram bem na frente, com um futebol ofensivo, alegre, bom de assistir. Tenho certeza que depois dessa vitória contra o Fortaleza a possibilidade de crescer vai ser muito grande. Pode aguardar o final dessa história, tenho certeza que vai ser bom para nós!

- Qual o seu jogador favorito no time atual?

R: Tenho três destaques no time: o Pedrinho está evoluindo muito. O Cássio é um monstro. Agora, o Gil é brincadeira! É fora de série. Gosto também do Vagner Love, que é um guerreiro, mas para mim o Gil tem a cara do Corinthians.

- Qual você considera o seu maior momento no Corinthians?

Ter sido campeão Paulista duas vezes, Campeão Brasileiro duas vezes. Quem já foi bicampeão brasileiro? É raro. E ser campeão pelo time que você torce, fazendo aquilo que você gosta de fazer, é importante demais.

- Como está a vida atualmente? Está próximo do meio do futebol?

R: Todos sabem que sou pernambucano, moro em Recife, sempre morei. Sou treinador profissional há sete anos, mas dei uma parada. Estou com projetos sociais que levo a prefeituras e cidades, principalmente em Pedra-PE (a 200km da capital pernambucana). Graças a Deus estou bem com a minha família. Mas desejo ao torcedor que nunca deixe os nossos jogadores sozinhos, a torcida é muito importante. Estou morrendo de saudade do Timão e dos nossos torcedores.


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