Amarelo: símbolo da luta democrática nas Diretas Já

A multidão que pedia a volta da democracia no famoso comício do Vale do Anhangabaú em 1984 vestiu amarelo, assim como os atletas corinthianos que subiram ao palco

20/09/2023 10h22 Agência Corinthians

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“Um, dois, três, quatro, cinco mil, queremos eleger o presidente do Brasil!”

Dezenas de milhões de brasileiros gritavam essas e outras palavras durante as passeatas, comícios, shows e outros eventos das Diretas Já. Gestadas em 1983, as manifestações cresceram e em 1984 tomaram o país como uma onda amarela. A cor, representativa do período e protagonista na terceira camisa corinthiana desta temporada, não foi escolhida por acaso.

O amarelo fora definido como cor oficial pelo Comitê 25 de Janeiro, que reunia diversos ativistas a favor do movimento que pedia a volta das eleições diretas para presidente do Brasil, depois de 20 anos de regime militar. Dentre os diversos motivos, o amarelo havia sido usado em outras manifestações democráticas mundo afora e tinha conexão direta com a bandeira brasileira. A proposta foi abraçada pelo comitê e levada à imprensa, que em sua maioria apoiava o movimento e passou a divulgá-la como a cor oficial das Diretas Já.

Na mesma época, a Democracia Corinthiana dava show nos estádios e nas ideias. O time vitorioso tinha uma gestão revolucionária, na qual diversas demandas do departamento de futebol eram definidas por meio do voto de atletas, técnico, roupeiro, diretores etc. Aquele modelo havia sido sugerido por Adilson Monteiro Alves, diretor de futebol da época (e atual diretor do departamento de Responsabilidade Social do Corinthians). Foi recebida com entusiasmo pela maioria da comissão técnica, que também enxergou uma forma de provocar a reflexão política do Brasil.

Não por acaso, os jogadores carregaram no uniforme mensagens estampadas em apoio às eleições, além da emblemática faixa “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”. Com esse espírito, muitos passaram a frequentar os palcos dos Comícios pelas Diretas Já, notadamente Sócrates, Wladimir e Casagrande.

Estiveram também na manifestação de 16 de abril de 1984, realizada no Vale do Anhangabaú, no centro paulistano. O narrador Osmar Santos foi o mestre de cerimônias do evento que reuniu pelo menos 400 mil pessoas – algumas contas falavam em mais de um milhão, mas a verdade é que o espaço não comportava tanta gente. A data marcou, de todo modo, o maior comício pelas Diretas do Brasil, contando com nomes como Fafá de Belém, Geraldo Vandré, Eva Wilma e Fernanda Montenegro, e várias lideranças políticas como Lula, Fernando Henrique Cardoso, Mario Covas e Leonel Brizola. Do alto do palco, vestindo amarelo como toda a multidão, Sócrates deu a famosa declaração de que não deixaria o país caso o Congresso aprovasse a emenda parlamentar que garantiria a volta das eleições diretas.

As Diretas Já reuniram multidões Brasil afora e o apoio geral de artistas, intelectuais, jornalistas, trabalhadores e diversas parcelas de sociedade. Um movimento que está marcado na história do Corinthians e de todo o Brasil.

Fontes: Fernando Wanner; Ensinar História; Esportelândia, O Estado de S.Paulo (17/4/1984); Folha de S.Paulo (17/4/1984; 16/4/2004, 25/2/2023).


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