Temporada especial dava o primeiro título Brasileiro ao Timão em 1990

Com Ronaldo Giovanelli, Neto, Wilson Mano e Tupãzinho como destaques 30 anos atrás, Alvinegro sofreu apenas oito derrotas naquele ano

01/06/2020 11h00 Agência Corinthians

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Foto: Arquivo Corinthians


"O CLUBE MAIS BRASILEIRO"  Se hoje o Corinthians pode dizer que é heptacampeão brasileiro, maior vencedor dos anos 1990 e o maior campeão nacional dos anos 2000, tudo se deveu a uma das temporadas mais gloriosas da história alvinegra, que completa 30 anos em 2020. A equipe que disputou a temporada de 1990 teve um início difícil, mas superou as próprias expectativas e ficou próxima de conquistar dois títulos, levando um deles – o do primeiro Campeonato Brasileiro da sua história.

Na época, o último título que o Corinthians havia conquistado era o Campeonato Paulista de 1988. A equipe que dava o pontapé inicial no primeiro jogo do ano, contra o Noroeste em janeiro de 1990, já era bem diferente da que havia levantado a taça diante do Guarani: Ronaldo Giovanelli, Marcelo Djian, Marcio Bittencourt e Viola eram os únicos remanescentes.

PAULISTÃO: fora da final por muito pouco

A estreia naquela temporada não foi das melhores: derrota por 1 a 0 em Bauru. Mas o Timão não sabia que esta seria a única derrota até o fim daquele torneio. Na primeira fase daquele estadual, o time conquistou mais 11 vitórias e 11 empates nos jogos seguintes, com 21 gols marcados e apenas sete sofridos, liderando o Grupo 1 com 33 pontos, dois a mais que o segundo colocado.

Depois, na segunda fase, novos grupos foram formados e o Timão, que integrou o Grupo Preto, seguiu sem perder. No entanto, em doze jogos foram cinco vitórias e sete empates. Assim, ficou em segundo na sua chave – com 17 pontos, um a menos que o Bragantino, que foi para a final enfrentando o líder do Grupo Vermelho, o Novorizontino.

BRASILEIRÃO – Início difícil

Com o fim da disputa do Paulistão, o Alvinegro estreava no Brasileirão três dias depois, em 19 de agosto. Fora de casa, o Timão enfrentou o Grêmio com Zé Maria no banco de reservas, e foi superado. Em má fase após a derrota no Paulistão, a primeira vitória no torneio viria apenas na quarta rodada, em um clássico contra o Palmeiras vencido por 2 a 1 com gols de Neto e Wilson Mano.

Já com Nelsinho Baptista como técnico corinthiano, a vitória no Derby levantou o Timão: foram oito jogos sem perder, com seis vitórias e dois empates (contra São Paulo e Bragantino). A arrancada, no entanto, deu lugar a uma incômoda sequência sem gols: quatro empates e uma derrota.

O FATOR DINEI

A falta de gols afastou o Timão da briga por vaga na segunda fase do nacional. Para resolver o problema após o quinto jogo sem balançar a rede – o empate com o Vasco por 0 a 0 – , Nelsinho resolveu ir às categorias de base. Ele promoveu um jogo-treino com o time de juniores e viu um certo atacante se destacar com gols: Dinei. E decidiu chama-lo para treinar no time principal visando o clássico que estava por vir, contra o Santos, na próxima rodada do Brasileirão.

Dinei, filho de um ex-atleta corinthiano e na base desde os 11 anos de idade, foi para o jogo como titular. Com mais um 0 a 0 truncado, ele chamou a responsabilidade e colocou fim à sequência sem gols do Timão, marcando o tento da vitória por 1 a 0.

APÓS SUFOCO, NETO COMANDA ARRANCADA PARA O TÍTULO

Mais uma vez, um clássico levantou o Timão: com um acidente de percurso no jogo seguinte, contra o Goiás, seguiram-se duas vitórias, contra Atlético-MG e Internacional, que garantiram o Timão na fase playoffs apenas na última rodada, o que o faria decidir os confrontos seguintes fora de casa. O time de Belo Horizonte seria o adversário nas quartas de final, com uma equipe em ascensão.

Para começar os playoffs, um nome seria o destaque: Neto. O meia começou a puxar o time com sua raça e técnica habituais e, com dois gols, comandou a vitória por 2 a 1 no jogo de ida no Pacaembu. Na volta, bastou segurar o empate por 0 a 0 no Mineirão e avançar para a semifinal.

O Corinthians havia ganhado uma força e regularidade tão grandes! Na semi, o adversário foi o Bahia. Novamente no Pacaembu, o Timão mais uma vez venceu por 2 a 1, desta vez com um gol contra e outro de Neto, sempre ele. E na partida de volta, no estádio da Fonte Nova, um novo empate por 0 a 0 classificou o Alvinegro para a decisão.

CORINGA E TALISMÃ GARANTEM PRIMEIRO TÍTULO BRASILEIRO

Na final, o Coringão teria um clássico estadual: o São Paulo era o adversário. Os dois jogos foram no estádio do Morumbi. No primeiro confronto, como visitante, Nelsinho Baptista levou a campo um time com Ronaldo; Giba, Marcelo Djian, Guinei e Jacenir; Marcio Bittencourt, Wilson Mano, Tupãzinho e Neto; Fabinho e Mauro – Marcos Roberto ainda entraria na segunda etapa. Um time já bastante diferente daquele que havia iniciado a temporada.

Em ascensão naquele final de temporada, o Timão logo disse a que veio: aos quatro minutos, um Neto em grande fase cruza na área e, de joelho, o “coringa” Wilson Mano completa para o gol. Ele, que então era volante, atuou no clube como zagueiro, lateral e meia, e era o responsável por dar a vantagem ao time no primeiro jogo, ocorrido no dia 13 de dezembro de daquele ano.

Na segunda partida, realizada no dia 16 de dezembro, Nelsinho repetiu o time titular que levou ao primeiro confronto. E dentro de campo, um jogo tão difícil quanto havia sido o anterior. No primeiro tempo, a igualdade sem gols não sairia do placar. No início do segundo tempo, caberia a Tupãzinho, primeiro talismã da Fiel, lutar por uma bola quase perdida dentro da área, empurrar para as redes e ampliar a vantagem corinthiana.

Com 2 a 0 no placar agregado, Nelsinho colocou em campo Ezequiel, no lugar de Neto, e Paulo Sérgio, no lugar de Mauro. A partir dali, o Timão seguiu controlando o jogo na defesa, não sofreu gols e, com o apito final dado por Edmundo Lima Filho, o alvinegro levantava pela primeira vez, em 1990, a taça do Campeonato Brasileiro.

Com uma temporada de 31 vitórias, 30 empates e apenas oito derrotas, o Alvinegro de Ronaldo, Neto, Wilson Mano, Tupãzinho, Basílio, Zé Maria e Nelsinho Baptista viveria uma temporada que entraria para a história. E seria ponto de partida para os outros seis títulos brasileiros, em 1998, 1999, 2005, 2011, 2015 e 2017.

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