#RespeitaAsMinas: Movimento Alvinegras derruba a velha barreira divisão de arquibancadas entre "eles" e "elas"

A executiva Glaucia Tremura conta como o grupo pode fazer diferença na vida das mulheres

09/03/2019 12h15 Agência Corinthians

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Rua Doutor Luís Aires, 1970. Neste endereço em um bar, antigo “Adega Alvim”, dez mulheres conversavam sobre futebol, com uma paixão em comum: o Corinthians. Elas adotaram um ritual: antes das partidas na Arena, combinavam de se encontrar por lá e seguiam para o estádio.

A diretora comercial Glaucia Tremura, 42 anos, participa deste grupo, que surgiu há três anos. Hoje ela e as amigas são administradoras do “Movimento Alvinegras” e o que era apenas um encontro informal, desde outubro de 2018, tomou uma dimensão maior. “A Alana (uma das amigas) teve a ideia de criar o movimento para a gente desmitificar este ambiente, considerado masculino. Muitas mulheres sempre quiseram frequentar, mas tinham medo de violência e assédio”, contou. 

Elas divulgaram nas redes sociais esta ideia e a aceitação foi enorme, algo que, confessam, não esperavam. Em cinco meses, foram criados 12 grupos de conversa na internet, liderados pelas amigas, que já atingem todo o país, com mais de mil integrantes femininas.

“O objetivo maior é auxiliá-las na ida à Arena e compra de ingressos. Nós as buscamos nos pontos de encontro (normalmente nas estações de metrô) e então seguimos a pé juntas”, disse.



Glaucia lamenta que o assunto futebol ainda seja um tabu. “Dificilmente sofremos assédio, mas ainda há muito preconceito, no geral.” A executiva coloca um debate no ar. “Por que os homens não são questionados o porque torcem? Eles torcem e a frase tem ponto final. Nós mulheres precisamos explicar, vem sempre uma pergunta na sequência”. Ela diz que é comum que sejam desafiadas a mostrar o domínio sobre o assunto. “Perguntam para a gente o que é impedimento, por exemplo... Homem não precisa responder coisas deste tipo para ser aceito”, falou. 

“É comum perguntarem também se somos corinthianas porque vem de família. Eu costumo responder que quem é corinthiano nasce corinthiano, não se torna”.

Entre elas, o papo é sobre a situação do time, contratações, desempenho dos jogadores, esquema tático, críticas, muitas críticas... “Coitado do Carille, nós nos achamos técnicas”, diverte-se. “Temos um jeito apaixonado de torcer, xingamos e nos emocionamos como qualquer homem naquelas arquibancadas”.

Neste tempo já são muitas histórias, que aconteceram desde o bar em Artur Alvim, até fora do Brasil. Muitas acompanham o elenco em competições internacionais. Glaucia resolveu “importar” alguns torcedores. “Meu chefe é mexicano e quando vem para cá pede para que eu o leve na minha segunda casa. Ficou apaixonado pelo time e pela Arena”.
 
O movimento Alvinegras quer trazer mais e mais pessoas para o estádio. Incentivar mulheres e também homens, por que não? 

“Ouvimos relatos muito lindos. Recebemos um e-mail de uma torcedora que sofreu agressões  num relacionamento durante muitos anos e tinha medo de tudo. Nós a apoiamos e ela passou a frequentar a Arena. Este incentivo deu à ela uma força de viver”. No fim, o que vale é a grande paixão pelo Corinthians na mesa de bar, em casa com os filhos, nos estádios, no lugar que quiserem, independentemente de gênero.

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