Treze anos da estreia de Luizão pelo Corinthians

20/07/2012 15h58

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Matador. Luiz Carlos Bombonato Goulart, popularmente conhecido por Luizão, foi o último grande artilheiro do Timão no século XX. Parte de uma seleta galeria, honrou a camisa 9 como poucos e se tornou ídolo em uma equipe considerada por muitos a mais técnica da história do Clube, ao lado de craques como Marcelinho, Edílson e Vampeta. Luizão completou 13 anos de sua estreia pelo Corinthians no dia 17 de julho. Confira o especial preparado pelo Timão, em parceria com a Placar.

Nascido em 14 de novembro de 1975, em Rubinéia, interior de São Paulo, Luizão despontou como grande promessa ainda nas categorias de base do Guarani. Num episódio emblemático de sua carreira, fez o jogo-teste para ingressar no juvenil do clube de Campinas e marcou os cinco gols do partida.  Já no Brinco de Ouro, dois anos depois dividiu o quarto no alojamento com quem seria seu grande parceiro de ataque nos tempos de Corinthians: Edílson.
 
Antes de chegar ao Corinthians, ainda passou por Paraná Clube, Guarani novamente, Palmeiras, Deportivo de La Coruña, da Espanha, e por último Vasco. Numa negociação com o clube que detinha o seu passe – o La Coruña –, acertou a liberação para o Parque São Jorge, onde brilharia com a camisa 9. Logo nos dois primeiros jogos, cinco gols. A estreia num amistoso contra a Seleção de Rio Claro, no dia 17 de julho de 1999, não poderia ser melhor. 6 a 0 para o Timão e um gol de Luizão. Mas o melhor ainda estava por vir. Em sua primeira partida oficial, uma semana depois, na rodada inicial do Brasileirão, em jogo contra o Gama-DF, no estádio Mané Garrincha, o atacante balançou a rede quatro vezes e comandou a vitória de virada por 4 a 2.

Renato Pizzutto/Placar
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Luizão comemorando gol contra o Flamengo, Torneio Rio-São Paulo, no estádio do Pacaembu; Clique na foto e veja a galeria completa
 
Orgulho de uma cidade com cerca de 3 mil habitantes, Luizão se tornou referência para uma forte equipe liderada por lendas do Corinthians como, por exemplo, Marcelinho e Edílson. A qualidade do grupo comandado pelo técnico Oswaldo de Oliveira o ajudou em sua missão de balançar as redes adversárias. Porém, a eficiência do atacante sempre esteve em destaque. Se o Timão foi campeão brasileiro em 1990 e 1998 sem um centroavante, não se pode dizer o mesmo de 99, ano do tricampeonato. Luizão foi peça fundamental para a conquista em cima do Atlético-MG ao marcar três gols decisivos. O primeiro, na derrota por 3 a 2 no Mineirão. E os outros dois, na vitória por 2 a 0, no Morumbi. Como o Brasileiro era disputado nos famosos “playoffs”, o empate em 0 a 0 no terceiro duelo deu o título ao time paulista.
 
Os números que já eram bons para o camisa 9, ficaram ainda melhores na virada do século. Luizão podia ser confundido com a própria definição de artilheiro. Dono de posicionamento e percepção incríveis dentro da área, não importava de que maneira a bola chegaria para ele. A única coisa previsível era que o goleiro adversário teria problemas. E com a boa fase do craque e de toda uma base bicampeã brasileira, em 2000 o Timão enfim sonhava em alçar voos mais altos. O Brasil havia ficado pequeno para o vistoso futebol praticado pelo Clube do Parque São Jorge. O Corinthians conquistaria o Mundial pela primeira vez em sua história no início de 2000.
 
Antes de chegar ao Parque São Jorge, Luizão havia conquistado junto à Seleção Brasileira a medalha de prata no Mundial de Juniores em 1995 e a de bronze nas Olímpiadas de Atlanta em 1996. O talento e desempenho pelo Corinthians fizeram com que ele tivesse a oportunidade de escrever mais um bonito capítulo em sua carreira. Convocado para a última partida das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2002, Luizão não decepcionou e deixou a sua marca em duas oportunidades. O resultado de 3 a 0 sobre a Venezuela classificou o Brasil e garantiu o herói goleador na Copa realizada no Japão e na Coréia do Sul. O final todos conhecem. Ou melhor, o início. Contra a Turquia, no primeiro jogo da Copa, Luizão sofreu o pênalti que deu a vitória ao Brasil.
 
Renato Pizzutto/Placar
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Luizão, do Corinthians, comemorando um gol contra a Portuguesa, durante jogo do Campeonato Brasileiro, em Limeira; Clique na foto e veja a galeria completa
 
Luizão permaneceu no Parque São Jorge até o final da Liga Rio-São Paulo em 2002, quando o Timão se sagrou campeão. Entre 1999 e 2002, ainda conquistou o Campeonato Paulista de 2001. Somando 109 jogos e 76 gols, possui uma das melhores médias de gols da história do Clube e alcançou alguns feitos notáveis como ser o maior artilheiro brasileiro desde que a Libertadores é jogada. São nada menos que 29 gols. Pelo Corinthians, outra marca impressionante, são 15 tentos na mesma edição da competição continental, que conferem a ele o posto de maior goleador de uma mesma edição.
 
Não há nada que defina melhor Luiz Carlos Bombonato Goulart, o Luizão, do que a palavra gol. Sempre será reconhecido pela eficiência em seu maior ofício: balançar as redes e bater no peito. Confira a entrevista concedida pelo craque:
 
Você estreou contra a Seleção de Rio Claro marcando gol. Como foi vestir a camisa do Corinthians pela primeira vez?
Foi muito emocionante marcar aquele gol. Minha família inteira é corinthiana. Para mim foi uma grande satisfação. Lembro que no lance me posicionei dentro da área e fiz de cabeça. Da maneira que eu sempre gostei, ali dentro da área.
 
A sua estreia em jogos oficiais foi contra o Gama pelo Campeonato Brasileiro. Como é marcar quatro gols num jogo desse?
Foi a melhor estreia de toda a minha carreira. Perdíamos para o Gama, fora de casa, por 2 a 0. Eu ainda não estava na minha melhor forma e não jogava há algum tempo. Saí do Vasco e acertei minha transferência com o Deportivo La Coruña. Neste intervalo fiquei sem ritmo. Mas no final não poderia ter uma estreia melhor do que aquela.
 
Alexandre Battibugli/Placar
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Luizão, o primeiro agachado, da esquerda para a direita, no time campeão do Mundial de Clubes de 2000; Clique na foto e veja a galeria completa
 
Você sempre cita seu pai, Aparecido, como grande incentivador. Qual foi o momento mais difícil desde a realização do sonho dele em ver você no Corinthians e a saída de Rubinéia?
Deixar os pais sempre é muito complicado. Saí de casa com apenas 14 anos para dormir em quarto de alojamento no Guarani. Foi um período difícil. Jogava de manhã aos sábados e passava o final de semana inteiro distante de casa. Não tinha dinheiro nem para tomar um sorvete aos domingos.
 
Você faz parte de um pequeno grupo de jogadores que jogou pelos quatro grandes de São Paulo. Qual a diferença em jogar pelo Corinthians?
Eu fui realmente feliz jogando aqui. Minha família já era corinthiana, o que facilitou tudo para mim. O Corinthians foi o Clube que eu mais me identifiquei em toda a carreira. Foram bons momentos. Não tem como comparar.
 
Qual a sensação de marcar o gol que levou o Brasil à Copa do Mundo e entrar no primeiro jogo da Primeira Fase contra a Turquia?
Eu estava vindo de uma lesão sofrida no jogo contra o San Lorenzo, em 2001. Voltei trabalhando muito, durante dez dias, em três períodos diferentes. Foi muito bom poder voltar e ainda marcar aquele gol na Venezuela. Era meu aniversário de 26 anos no dia do jogo. Quanto a Copa do Mundo, não tem o que falar. Aquele jogo contra a Turquia foi um marco para todos nós. Os torcedores não confiavam muito no nosso time, mas com aquela vitória, provamos que eles podiam contar com a gente. Trouxemos a torcida brasileira de volta ao nosso lado.
 
Em 1999, talvez você tenha sido o grande responsável pela conquista do Brasileiro. Nas finais contra o Atlético-MG, marcou três. Como é decidir um título a favor do Corinthians com tal desempenho?
Pouca gente comenta isso, mas sempre me marcou muito. É inexplicável ver um estádio cheio, ainda mais com a torcida do Corinthians comemorando um gol de título seu. Os três gols foram muito importantes, mas tenho uma ótima lembrança do primeiro. Apontei para a torcida procurando uma pessoa, Joaquim Grava. Na época era ele quem estava cuidando de mim clinicamente.
 
Como jogador você venceu tudo. Copa do Mundo, Mundial, Libertadores, entre outros. Sente falta de algo em sua carreira?
A única coisa que faltou foi não ter encerrado minha carreira dentro de campo. Tive lesões que me fizeram parar sem que houvesse um grande jogo final ou algo assim. Encerrei no Guaratinguetá em 2009.
 
Alexandre Battibugli/Placar
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Luizão comemora a vitória da finalíssima contra o Vasco, no Mundial de Clubes da Fifa, no Maracanã; Clique na foto e veja a galeria completa
 
Antes de marcar o gol de pênalti na final do Mundial, o que passou pela sua cabeça?
Muitas coisas passaram pela minha cabeça naquele momento. Estávamos muito cansados, o jogo havia sido longo. Mas a principal lembrança que tenho é a decisão do canto em que bateria o pênalti. Há alguns meses estava no Vasco. O Hélton me conhecia e sabia que batia sempre no canto direito dele quando treinávamos juntos. Bati no esquerdo dele e fui feliz. Foi um momento único na minha carreira poder marcar esse pênalti e ajudar o Corinthians a se tornar campeão mundial.
 
Qual a sua melhor lembrança com a camisa do Corinthians?
Eu sempre gostei e recordo com carinho de quando marcava gols e saía batendo no peito em cima do símbolo. Se fosse pra escolher um lance ou gol, aquele contra o Grêmio no Pacaembu, em jogo válido pela Mercosul de 1999, é inesquecível. O Marcelinho deu um toque por cima do zagueiro e me achou dentro da área. Matei no peito e esperei a saída do Darnlei. Encobri ele com um bonito toque que ainda tocou a trave.
 
Mande um recado para a Fiel que tanto vibrou com seus gols:
Quero que eles saibam que até hoje eu sonho com eles. Foi inesquecível para mim defender essa camisa ao lado de vocês. Desejo toda sorte a esse elenco na busca pelo segundo título do mundial.

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Categoria(s): Departamento Cultural